sexta-feira, 26 de junho de 2015

A maré do amor

Sempre me disseram pra ter cuidado com o mar. Ele é bravo. Mas é por sua braveza que existem as mais belas ondas. Algumas violentas e avassaladoras, eu sei, mas até chegarem a margem, a areia, tornam-se apenas restos. Restos daquele bravo mar. Ora, se até mesmo o que é arriscado e feroz encontra o seu limite e torna-se apenas resto, por que não mergulhar o resto de mim neste mar? Por que negar as sete ondas que, por tola tradição, pulei sem reclamar? O ser humano é assim, usa o que quer quando lhe convém. Se não faz mais sentido a teoria da aceitação não é mais tua, e não quer que seja de ninguém.
Limitado mar, mesquinho ser humano.
Mas existe a âncora, o equilíbrio. Ela que dá o sustendo, é a base. Ela se mantém instável até mesmo no mais bravo mar. Mas é pesada. E o ser humano também se apossa da âncora. Enquanto lhe traz tranquilidade é o que lhe faz bem, mas quando sente o pesar acha que não presta, nem pra si nem pra ninguém.
Importante âncora, mesquinho ser humano.
E se eu te dissesse que neste mar há amor? Se eu te dissesse que a maré está carregada de desejos, profundos, "insanos", oriundos do mesmo ser humano que um dia julgou o mar? O mesmo mar que agora lhe faz mergulhar, sem deixá-lo afogar, só pra lhe provar que não importa o quão distante o deixe, lhe dará uma nova oportunidade de sonhar, de viver, de experimentar... 

Óh, bravo (grandioso) mar, nas suas ondas quero mergulhar. Sou mesquinho, incompleto, o julgo quando me convém, o usufruo quando é o que me mantém, mas não me deixe afogar. 
Tá na chuva, é pra se molhar. Tá no mar, é pra mergulhar. Se o mar não fosse bravo, não lhe traria pra cá. Se a âncora não fosse pesada, nunca iria te sustentar. Mas, se mesmo assim eu não aguentar e me afogar, o que de mim restará? A aprendizagem do primeiro mandamento da bíblia, tão conhecido mas pouco utilizado, que o importante é acima de tudo amar. 
Matheus Araujo Dias

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