terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Sobre as perdas...


É terça-feira, é madrugada, é dia 26 e já passou o natal. Eu levanto em poucas horas para trabalhar como num dia qualquer. Deveria estar dormindo, mas, o silêncio e todas as memórias que repetidamente passam em minha mente me instigam a escrever, o que é normal, considerando que todo fim de ano sempre fazemos um balanço de tudo que conquistamos e o que também perdemos. 

Essa teoria de ganhar ou perder, pra início de conversa, é bem complexa. Hoje, sofremos uma perca que amanhã podemos saudá-la como mais um degrau que nos levou a novas conquistas. Entretanto, em algum determinado momento, é inegável que é uma perda. 
Talvez este peso de perder seja tão intenso pela maturidade que ainda não conquistei por ainda ser jovem. É justamente esta fase, a juventude, que tudo é extremo, tudo é potencializado, tudo vira um caos, e ao mesmo tempo achamos que tudo é possível. Hoje mesmo, enquanto eu dedilhava meus dedos nas cordas do meu novo violão, pensava ansiosamente em quais notas descreveriam com perfeição a melancolia das minhas perdas. Ao mesmo tempo, enquanto tentava constantemente fazer um som que fosse agradável aos ouvidos, pensava no livro em que gostaria de publicar, da viagem ao exterior que gostaria de fazer ou da pós graduação que eu iria embarcar. Tudo assim, tudo ao mesmo tempo, no mesmo instante, tudo muito rápido. 
A vida é muito rápida. 
Logo, potencializar as perdas é perder tempo de vida que poderia ser útil.

O que eu quero dizer é que as perdas existem, e com elas devemos sim nos agarrarmos naquilo que elas nos ensinarão. É aquela velha história de que tudo é aprendizado, sabe? Mas, até aprender é um processo delicado. 
Se pararmos pra pensar o mundo é cheio de pessoas que não se entendem por justamente acharem saber coisas demais. Por acharem ter aprendido coisas que outras pessoas jamais vão aprender. O mundo está cheio de pessoas que pararam no tempo, por conta de algumas perdas do passado, e nem sabem... As derrotas conseguem tapar os nossos olhos enquanto nos revestimos do orgulho e do auto-engano de que aprendemos com elas. 
Volto a repetir: o aprendizado é um longo processo. 
E, acredite, dizer isto a um coraçãozinho de um jovem ansioso por conquistar o mundo e voar de uma vez é doloroso, mas, necessário. 

Hoje, eu reflito sobre cada perca e ganhos que obtive durante este ano. Eu gostaria muito de poder escrever pra você que são coisas que me fizeram crescer, evoluir e continuar conquistando, mas, ainda estou em processo. 
A vida é um processo, mas acredite em mim, estar ciente disto e não se enganar é importante. É entender que cada engatinhada é uma pequena conquista. É entender que, cada acorde produzido pelo violão é um pequeno som que me pede calma.
- Calma, meu jovem. Hoje você pode não entender, pode até chorar, mas, teu coração precisa de calma. O mais importante de tudo, é não se perder com as perdas da vida. 



Matheus Araujo Dias