sexta-feira, 11 de outubro de 2013

1996

Se eu contasse quantas vezes eu já pensei em desistir acho que perderia as contas rápido demais. Do mesmo modo como eu me perco todas as vezes que penso qual o passo que me faria prosseguir. É algo confuso. É um medo tão grande do futuro correndo ao lado de uma vontade tão grande de crescer, sabe?
Medo.
Não sei se um dia eu vou conseguir vencê-lo, mas eu sinto que cada pequena conquista é um avanço. A questão é: Pra onde estou avançando? Pra onde estou indo?
Mas, quanto a isso não me espanto. Minha vida sempre foi assim. Nunca soube definir para onde eu estava indo, mas sabia me virar bem nas vezes em que devia fazer o retorno e começar de novo. Uns chamam de agilidade, outros de desenvoltura. Eu, ainda não sei se isso é uma qualidade... Eu não consigo lidar com a expectativa das pessoas em assistirem o meu próximo passo enquanto eu num piscar de olhos já fugi do meu próprio espetáculo.
Espetáculo.
Minha vida não pode se resumir a isso, assim como as pessoas não podem esperar apenas excelência em mim. Eu não quero isso. Eu não gosto dessa cobrança. E quer saber? Eu já me cobro por mim e por todos vocês juntos. Isso já basta. E não precisa me olhar com essa cara de quem espera que eu apague tudo que falei. Sempre disse que estava pra nascer alguém que ia me tirar do eixo.
E nasceu.
E me tirou.
E me fez esquecer tudo o que eu dizia ser eu.
Nasceu em 1996 e desde o dia em que me conheceu me fez viver uma vida de recaídas. Qualquer semelhança com um alcoólatra é mera coincidência. Eu esqueci de mim, você me viciou em você.
Agora, a definição exata para este novo momento da minha vida eu ainda não sei. Dizem que tudo aquilo que te faz feliz também provoca dor. E com você não está diferente. Ainda não consigo explicar qual a sensação de perceber que a pessoa que mudou meu jeito de pensar hoje é a mesma que vira as costas pra mim sempre quando me vê por aí.
E talvez a culpa seja mesmo nossa de querer impor as nossas vontades em cima do trajeto que o próprio destino já desenhou para cada um de nós. Portanto, me perdoe se eu te desejei mais que a mim mesmo. Me perdoe se eu trouxe uma responsabilidade pra você de carregar todo o meu amor nas costas. Se ainda resta um pouquinho dele com você largue-o e vá em paz, você cumpriu o seu papel para comigo. Talvez não saiu do jeito que esperávamos, mas você, bebê, me fez sentir uma pessoa melhor mesmo carregando vícios difíceis de largar. Obrigado por me fazer sentir especial mesmo com tão pouca coisa a lhe oferecer.

Matheus Araujo Dias

Nenhum comentário:

Postar um comentário